quarta-feira, 25 de abril de 2012

O Eu em Martin Buber

Primeira Parte

O mundo é duplo para o homem, segundo a dualidade de sua atitude. A atitude do homem é dupla de acordo com a dualidade das palavras-princípio que ele pode proferir.
As palavras-princípio não são vocábulos isolados, mas pares de vocábulos.
Uma palavra-princípio é o par Eu-Tu. A outra é o par Eu-Isso no qual, sem que seja alterada a palavra-princípio, pode-se substituir Isso por Ele ou Ela.
Deste modo, o Eu do homem é também duplo.
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Pois, o Eu da palavra-princípio Eu-Tu é diferente daquele da palavra princípio Eu-Isso.
As palavras-princípio não exprimem algo que pudesse existir fora delas, mas uma vez proferidas elas fundamentam uma existência.
As palavras-princípio são proferidas pelo ser.
Se se diz Tu profere-se também o Eu da palavra-princípio Eu-Tu. Se se diz Isso profere-se também o Eu da palavra-princípio Eu-Isso. A palavra-princípio Eu-Tu só pode ser proferida pelo ser na sua totalidade.
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A palavra-princípio Eu-Isso não pode jamais ser proferida pelo ser em sua totalidade.
Não há Eu em si, mas apenas o Eu da palavra-princípio Eu-Tu e o Eu da palavra-princípio Eu-Isso.
Quando o homem diz Eu, ele quer dizer um dos dois. O Eu ao qual se refere está presente quando ele diz Eu. Do mesmo modo quando ele profere Tu ou Isso, o Eu de uma ou outra palavra-princípio está presente.
Ser Eu, ou proferir a palavra Eu são uma só e mesma coisa. Proferir Eu ou proferir uma das palavras-princípio são uma ou a mesma coisa.
Aquele que profere uma palavra-princípio penetra nela e aí permanece.
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A vida do ser humano não se restringe apenas ao âmbito dos verbos transitivos. Ela não se limita somente às atividades que têm algo por objeto. Eu percebo alguma coisa. Eu experimento alguma coisa, ou represento alguma coisa, eu quero alguma coisa, ou sinto alguma coisa, eu penso em alguma coisa.
A vida do ser humano não consiste unicamente nisto ou em algo semelhante.
Tudo isso e o que se assemelha a isso fundam o domínio do Isso.
O reino do Tu tem, porém, outro fundamento.
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Aquele que diz Tu não tem coisa alguma por objeto. Pois, onde há uma coisa há também outra coisa; cada Isso é limitado por outro Isso; o Isso só existe na medida em que é limitado por outro Isso. Na medida em que se profere o Tu, coisa alguma existe. O Tu não se confina a nada.
Quem diz Tu não possui coisa alguma, não possui nada. Ele permanece em relação.
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Afirma-se que o homem experiência o seu mundo2. O que isso significa? O homem explora a superfície das coisas e as experiencia. Ele adquire delas um saber sobre a sua natureza e sua constituição, isto é, uma experiência. Ele experiência o que é próprio às coisas.
Porém, o homem não se aproxima do mundo somente através de experiências.
Estas lhe apresentam apenas um mundo constituído por Isso, Isso e Isso, de Ele, Ele e Ela, de Ela e Isso.
Eu experiencio alguma coisa.
Se acrescentarmos experiências internas às externas, nada será alterado, de acordo com uma fugaz distinção que provém do anseio do gênero humano em tornar menos agudo o mistério da morte. Coisas internas, coisas externas, coisas entre coisas!
Eu experiencio uma coisa.
E, por outro lado, se acrescentarmos experiências "secretas" às experiências "manifestas", nada será alterado de acordo com aquela sabedoria autoconfiante que apreende nas coisas um compartimento fechado, reservado aos iniciados cuja chave ela possui. Oh! Mistério sem segredo. Oh! Amontoado de informações! Isso, Isso, Isso!
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O experimentador não participa do mundo: a experiência se realiza "nele" e não entre ele e o mundo.
O mundo não toma parte da experiência.
Ele se deixa experienciar, mas ele nada tem a ver com isso, pois, ele nada faz com isso e nada disso o atinge.
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O mundo como experiência diz respeito à palavra-princípio Eu-Isso. A palavra-princípio Eu-Tu fundamenta o mundo da relação.
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O mundo da relação se realiza em três esferas. A primeira é a vida com a natureza. Nesta esfera a relação realiza-se numa penumbra como aquém da linguagem. As criaturas movem-se diante de nós sem possibilidade de vir até nós e o Tu que lhes endereçamos depara-se com o limiar da palavra.
A segunda é a vida com os homens. Nesta esfera a relação é manifesta e explícita: podemos endereçar e receber o Tu.
A terceira é a vida com os seres espirituais. Aí a relação, ainda que envolta em nuvens, se revela, silenciosa, mas gerando a linguagem. Nós proferimos, de todo nosso ser, a palavra-princípio sem que nossos lábios possam pronunciá-la.
Mas como podemos incluir o inefável no reino das palavras-princípio?
Em cada uma das esferas, graças a tudo aquilo que se nos torna presente, nós vislumbramos a orla do Tu eterno, nós sentimos em cada Tu um sopro provindo dele, nós o invocamos à maneira própria de cada esfera.
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Eu considero uma árvore.
Posso apreendê-la como uma imagem. Coluna rígida sob o impacto da luz, ou o verdor resplandecente repleto de suavidade pelo azul prateado que lhe serve de fundo.
Posso senti-la como movimento: filamento fluente de vasos unidos a um núcleo palpitante, sucção de raízes, respiração das folhas, permuta incessante de terra e ar, e mesmo o próprio desenvolvimento obscuro.
Eu posso classificá-la numa espécie e observá-la como exemplar de um tipo de estrutura e de vida.
Eu posso dominar tão radicalmente sua presença e sua forma que não reconheço mais nela senão a expressão de uma lei — de leis segundo as quais um contínuo conflito de forças é sempre solucionado ou de leis que regem a composição e a decomposição das substâncias.
Eu posso volatilizá-la e eternizá-la, tornando-a um número, uma mera relação numérica.
A árvore permanece, em todas estas perspectivas, o meu objeto tem seu espaço e seu tempo, mantém sua natureza e sua composição.
Entretanto pode acontecer que simultaneamente, por vontade própria e por uma graça, ao observar a árvore, eu seja levado a entrar em relação com ela; ela já não é mais um Isso. A força de sua exclusividade apoderou-se de mim.
Não devo renunciar a nenhum dos modos de minha consideração. De nada devo abstrair-me para vê-la, não há nenhum conhecimento do qual devo me esquecer. Ao contrário, imagem e movimento, espécie e exemplar, lei e número estão indissoluvelmente unidos nessa relação.
Tudo o que pertence à árvore, sua forma, seu mecanismo, sua cor e suas substâncias químicas, sua "conversação" com os elementos do mundo e com as estrelas, tudo está incluído numa totalidade.
A árvore não é uma impressão, um jogo de minha representação ou um valor emotivo. Ela se apresenta "em pessoa" diante de mim e tem algo a ver comigo e, eu, se bem que de modo diferente, tenho algo a ver com ela.
Que ninguém tente debilitar o sentido da relação: relação é reciprocidade.
Teria então a árvore uma consciência semelhante à nossa? Não posso experienciar isso. Mas quereis novamente decompor o indecomponível só porque a experiência parece ter sido bem sucedida convosco? Não é a alma da árvore ou sua dríade que se apresenta a mim, é ela mesma.

Trecho do Livro "Eu e Tu" de Martin Buber


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terça-feira, 24 de abril de 2012

Ética e Moral


Considerando a tensão de uma outra dualidade, e ética e a moral. Talvez a etimologia das palavras ética e moral iluminem essa complexidade.
      Ethos - ética, em grego - designa a morada humana. O ser humano separa uma parte do mundo para, moldando-a ao seu jeito, construir um abrigo protetor e permanente. A ética, como morada humana, não é algo pronto e construído de uma só vez. O ser humano está sempre tornando habitável a casa que construiu para si. 
       Ético significa, portanto, tudo aquilo que ajuda a tornar melhor o ambiente para que seja uma moradia saudável: materialmente sustentável, psicologicamente integrada e espiritualmente fecunda.
      Na ética há o permanente e o mutável. O permanente é a necessidade do ser humano de ter uma moradia: uma maloca indígena, uma casa no campo e um apartamento na cidade. Todos estão envolvidos com a ética, porque todos buscam uma moradia permanente.
      O mutável é o estilo com que cada grupo constrói sua morada. È sempre diferente: rústico, colonial, moderno, de palha, de pedra... Embora diferente e mutável, o estilo está a serviço do permanente: a necessidade de ter casa. A casa, nos seus mais diferentes estilos, deverá ser habitável.
      Quando o permanente e o mutável se casam, surge uma ética verdadeiramente humana.

      Moral, do latim mos, mores, designa os costumes e as tradições. Quando um modo de se organizar a casa é considerado bom a ponto de ser uma referência coletiva e ser reproduzido constantemente, surge então uma tradição e um estilo arquitetônico. Assistimos, ao nível dos comportamentos humanos, ao nascimento da moral.
       Nesse sentido, moral está ligada a costumes e a tradições específicas de cada povo, vinculada a um sistema de valores, próprio de cada cultura e de cada caminho espiritual.
 Por sua natureza, a moral é sempre plural. Exis­tem muitas morais, tantas quantas culturas e estilos de casa. A moral dos yanomamis é diferente da moral dos garimpeiros. Existem morais de grupos dentro de uma mesma cultura: são diferentes a moral do empresário, que visa o lucro, e a moral do operário, que procura o aumento de salário. Aqui se trata da moral de classe. Existem as morais das várias profissões: dos médicos, dos advogados, dos comerciantes, dos psicanalistas, dos pa­dres, dos catadores de lixo, entre outras. Todas essas morais têm de estar a serviço da ética. De­vem ajudar a tornar habitável a moradia humana, a inteira sociedade e a casa comum, o planeta Terra.
 Existem sistemas morais que permanecem inalterados por séculos. São renovadamente reproduzidos e vividos por determinadas populações ou regiões culturais. Assim, a poligamia entre os árabes e a monogamia das culturas ocidentais. Por sua natureza, a moral se concretiza como um sistema fechado.
 De que forma se articulam a ética e a moral? Respondemos simplesmente: a ética assume a moral, quer dizer, o sistema fechado de valores vigentes e de tradições comportamentais. Ela res­peita o enraizamento necessário de cada ser humano na realização de sua vida, para que não fique dependurada nas nuvens.
Mas a ética introduz uma operação necessária: abre esse enraizamento. Está atenta às mudanças históricas, às mentalidades e às sensibilidades cambiáveis, aos novos desafios derivados das transformações sociais. Ela impõe exigências a fim de tornar a moradia humana mais honesta e saudável. A ética acolhe transformações e mudan­ças que atendam a essas exigências. Sem essa abertura às mudanças, a moral se fossiliza e se transforma em moralismo.
A ética, portanto, desinstala a moral. Impede que ela se feche sobre si mesma. Obriga-a à constante renovação no sentido de garantir a “habitabi­lidade” e a sustentabilidade da moradia humana: pessoal, social e planetária.
Concluindo, podemos dizer: a moral repre­senta um conjunto de atos, repetidos, tradicionais, consagrados. A ética corporifica um conjunto de atitudes que vão além desses atos. O ato é sempre concreto e fechado em si mesmo. A atitude é sempre aberta à vida com suas incontáveis possi­bilidades. A ética nos possibilita a coragem de abandonar elementos obsoletos das várias morais. Confere-nos a ousadia de assumir, com respon­sabilidade, novas posturas, de projetar novos va­lores, não por modismo, mas como serviço à moradia humana.
Não basta sermos apenas morais, apegados a valores da tradição. Isso nos faria moralistas e tradicionalistas, fechados sobre o nosso sistema de valores. Cumpre também sermos éticos, quer di­zer, abertos a valores que ultrapassam aqueles do sistema tradicional ou de alguma cultura determinada. Abertos a valores que concernem a todos os humanos, como a preservação da casa comum, o nosso esplendoroso planeta azul-branco. Valores do respeito à dignidade do corpo, da defesa da vida sob todas as suas formas, do amor à verdade, da compaixão para com os sofredores e os indefesos. Valores do combate à corrupção, à violência e à guerra. Valores que nos tornam sensíveis ao novo que emerge, com responsabilidade, serieda­de e sentido de contemporaneidade.
Há pessoas que insistem em morar em suas casas antigas, sem delas cuidar e sem adaptá-las às novas necessidades. Elas deixam de ser o que de­veriam ser: aconchegantes, protetoras e funcio­nais. É a moral desgarrada da ética. A ética convida a reformar a casa para torná-la novamente caloro­sa e útil como habitação humana. Como o filóso­fo grego Heráclito dizia: "a ética é o anjo protetor do ser humano".
Por essa atitude ética, os atos morais acompa­nham a dinâmica da vida. A moral deve renovar­-se permanentemente sob a orientação e a hege­monia da ética. Cabe à ética garantir a moradia humana, sob diferentes estilos, para que seja efe­tivamente habitável.

 *Texto retirado do Livro "A águia e a galinha" de Leonardo Boff. Ed. Vozes - Págs. 90-96
In Site “Programa “Vamos falar de Ética”: http://eticajadf.multiply.com/journal/item/2/2


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Significado de Ética e Moral




O que é Ética e Moral:

Ética é um conjunto de valores que orientam o comportamento do homem em relação aos outros homens na sociedade em que vive, e moral é o conjunto de normas que regulam o comportamento do homem em sociedade. Existe uma grande confusão entre as palavras ética e moral, sendo que ética é um termo de origem grega, e moral de origem latina.

A moral sempre existiu, pois todo ser humano possui a sua própria consciência moral, que é o que o leva a distinguir o bem do mal no contexto em que vive, enquanto a ética surgiu com Sócrates, que é a disciplina que investiga e explica as normas morais, o que leva o homem a agir não só por tradição, educação ou hábito, mas principalmente por convicção e inteligência.

Ética

Ética é o nome dado ao ramo da filosofia dedicado aos assuntos morais. A palavra ética é derivada do grego, e significa aquilo que pertence ao caráter. Ética é diferente de moral, pois moral se fundamenta na obediência a normas, costumes ou mandamentos culturais, hierárquicos ou religiosos e a ética, busca fundamentar o modo de viver pelo pensamento humano.

Moral

Moral significa algo relativo aos costumes e deriva do latim, moral se originou quando os romanos traduzirem a palavra grega êthica. A moral encontra-se com a ética, pois a suporta, uma vez que não existem costumes ou hábitos sociais completamente separados de uma ética individual. Para alguns dicionários, moral é um conjunto de regras de conduta consideradas como válidas, éticas, servem para qualquer tempo ou lugar, grupos ou indivíduos.


sábado, 21 de abril de 2012

O que é filosofia afinal? Etimologia.



Eros
Podemos, pra começar, falar de sua etimologia como nos diz Battista Mondin, "filosofia é a palavra grega que significa literalmente "amigo da sabedoria" (philos sophias)" 1. Mas, o que é ser amigo da filosofia? Como se sabe a palavra "amigo", vem da palavra grega philos, que é uma das três maneiras dos gregos se referir ao "amor", as outras duas são ágape e eros, o "amor" ágape é um amor descendente, oblativo, contemplativo 2, um contemplar de longe, admirar, é um amor, no sentido mais sublime da palavra, aquele amor, que muitas vezes é referido como o amor de Deus aos homens, uma amor misericordioso, sem pretenções, nem espera. Já o amor eros é o "amor entre homem e mulher, que não nasce da inteligência e da vontade mas de certa forma impõe-se ao ser humano" 3, também conhecido como paixão, onde há o desejo, o querer ter o outro, é querer tá junto mas sem contemplação. E o amor philia é aquele amor do querer está junto, mas sem o desejo, sem a vontade do ter, mas, há a vontade do conhecer, a vontade de contemplar, não estando distante como o ágape, mas estando junto, "dividindo" a vida. Esse último significado de amor que é o amor da Filosofia. É esse querer tá junto, esse querer conhecer, esse contemplar junto a sophia, a sabedoria, o conhecimento.



Pitágoras

É comumente conhecido que o primeiro a usar a palavra filosofia foi Pitágoras, "que certa vez, ouvindo alguém chamá-lo sábio e considerando esse nome muito elevado para si mesmo, pediu que o chamassem simplesmente filósofo, isto é, amigo da sabedoria" 4



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1 - MONDIN, Battista. Curso de Filosofia. Tradução Benôni Lemos. Coleção Filosofia. Vol. 1. São Paulo: Paulus, 1981. p. 7. 
2 - Cf. CARTA ENCÍCLICA DEUS CARITAS EST. Deus é Amor. Sobre o Amor Cristão. Papa Bento XVI. ponto 7. 
3 - Ibidem, ponto 3.
4 - MONDIN, Battista. Curso de Filosofia. Tradução Benôni Lemos. Coleção Filosofia. Vol. 1. São Paulo: Paulus, 1981. p. 7.

Filosofia/Filosofar

Quando se é criança, chega um momento que nós começamos a pensar. 

Ao nosso redor as coisas, os objetos e os seres nos são apresentados. A princípio só aceitamos tais 'apresentações' como verdade. E, posteriorme, surge os questionamentos. Primeiro, das coisas que foi esperado que fossem apresentadas e não foram; por exemplo, quando a criança pergunta "O que é aquilo?", ou que "Que bicho é aquele?". Depois, as perguntas partem do querer saber o que é aquilo que lhes foi apresentado; nesse momento surgem várias linhas de perguntas diferentes, das mais concretas às mais abstratas. Agora não se quer simplesmente a resposta "aquilo é um urso". A criança quer ir mais além, quer saber "o que é um urso" - nisso diz respeito a responder que é um animal, o que se alimenta, etc. E também quer saber "porque" ele é isso, "porque" ele se alimenta daquilo. Com o passar do tempo, e com a aquisição da aprendizagem as perguntas vão ficando mais complexas.

A filosofia em seu princípio é isso. A procura do saber, e o amor a esse saber. Não um saber que aceita as coisas prontas. Um saber que aprende e, questiona o que foi aprendido. Quer saber o que são as coisas, o porque delas, até mesmo sua finalidade, de onde elas surgiram. A filosofia não pode e não deve parar no "é isso...", tem que continuar, não se contentar, sempre procurar saber mais, sem ficar na superficialidade. Tem de ir até o mais profundo do tema. Pra poder fazer essa caminha à profundidade, tem que haver algo que a torne aceitável à maioria das pessoas, então não pode ser algo que só minha família conhece, só o que meus amigos conhecem, só minha geração conhece, até mesmo o que somente eu conheço, precisa de um caminho comum à todas as famílias, à todas as sociedades, à todos os tempos; um caminho que seja rigoroso, radical e universal.